Relacionar pejorativamente o sanduíche de linguiça à esquerda argentina — tal como o pão com mortadela tende a ser "colado" à imagem da esquerda no Brasil — foi uma constante na eleição deste ano no país hermano. Mas esta polarização "gastropolítica" não é de hoje.
Há uma história pitoresca que ele estava num hospital, no bairro de Belgrano, preso, antes de ser presidente, na década de 1940, e todos os dias comia choripán
Esteban Ocampo, historiador
Mas o choripán é do povo e o peronismo se identifica com o que é popular, trabalhador. O sanduíche está em diversas marchas populares. Onde há choripán, há povo
Felipe Pigna, historiador
A polarização em torno do choripán é tão grande que, em abril de 2019, a deputada peronista Beatriz Mirkin disse na tribuna que "alguns partidos oferecem choripanes, outros dão hambúrguer do McDonald's", ironizando a diferença ideológica materializada na comida.
O cientista político argentino Marcos Novaro, no entanto, ressaltou que essa polarização é uma forma superficial de entender a importância e o rechaço ao choripán. Segundo ele, a receita ficou famosa em marchas populares e a recusa ao símbolo surgiu de classes sociais que não se identificavam com o peronismo, mas que isso não significa necessariamente que são pessoas ricas e que pertencem ao status quo.
"A recusa também vem de pessoas que sofrem os efeitos do empobrecimento causado pela crise econômica argentina, os mais de 40% de pobreza que vive o país, a desvalorização do peso", analisou.Ou seja, fatores reais que impactam a classe média e a classe média baixa, gerando um rechaço ao choripán como uma espécie de recusa ao populismo. É uma forma de se diferenciarem dos 'choripaneiros'
Marcos Novaro, cientista político
O choripán é nacional e popular. Como o peronismo, é um sentimento
Sebastian Pandolfelli
Peronista ou não peronista, se você é um autêntico amante comida de rua e está na Argentina, vale a pena provar essa receita local, que ficou em primeiro lugar entre os cinco melhores sanduíches do mundo pelo The Taste Atlas, desbancando o hot dog de Chicago (2º) e o brasileiro (6º).
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